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A Câmara de Vereadores de Santa Maria é composta de 21 edis. Sim e não. Quem disser isso, diz uma meia verdade. Na teoria, sim. Na prática, não.
Há o 22º vereador. O mais antigo da Casa. Foi reeleito em todas as eleições e sempre trabalhou de graça. Sem salário, assessores ou verbas parlamentares. Labutou por amor ao Legislativo. Por amor a Santa Maria. Em todo o seu tempo de vereança teve um comportamento irretocável. Construiu uma trajetória limpa e honrada. Nunca falou mal de um colega de parlamento. Tratou a todos com carinho e respeito. Nas sessões da Câmara, foi um atento ouvinte dos seus pares na tribuna. Com a mão no queixo, dedicou concentração total aos oradores. Foi amigo e companheiro dos servidores do Legislativo. Com as mulheres, em especial, um autêntico cavalheiro. Jamais se envolveu em conchavos ou coisa parecida. Impossível ter seu nome ligado a qualquer ato nesse sentido.
Sua honestidade é inquestionável. Dentre suas virtudes, uma se destacou: foi um grande orador. Seus discursos emocionados, contundentes e verdadeiros sempre foram muito ovacionados. Gesticulando bastante, dava seu recado de forma simples e inocente, como simples e inocente é a sua história de vida. Preocupou-se, igualmente, em manter um bom diálogo com todos os prefeitos. Teve a compreensão da importância do trabalho coeso entre Executivo e Legislativo, visando única e exclusivamente o bem-estar da população.
Quando possível, visitava a prefeitura, estreitando os laços entre os poderes. Nunca teve outro interesse que não fosse o de contribuir para uma cidade mais próspera e boa para se viver. Carrega na sua memória um livro sobre Santa Maria, afinal de contas, seus olhos acompanharam o crescimento e as transformações locais.
Mas o 22º vereador, infelizmente, não irá mais concorrer. Este é o seu último mandato. Vai pendurar o chapéu. Perde o Legislativo e perde a cidade. Sua ausência será sentida. Era motivo de união entre os parlamentares. Deixava o ambiente leve e descontraído. Porém, chegou o momento de parar para cuidar da saúde. Aos 70 anos de idade, Claudinho Cardoso sente a fragilidade do coração, o seu maior opositor. A fraqueza das pernas também incomoda. De vez em quando cai. Mas a cabeça está boa. Lembra-se dos amigos, de histórias e da sua querida Santa Maria. Tem saudades do Calçadão, das lojas, dos bares e das igrejas. Saudades da Eny Calçados, da Sibrama, do Banrisul e de tantos outros lugares. Saudades do pai, Edmundo Cardoso, do grande amigo Paulinho Bilheteiro e de várias outras pessoas que, vivas ou não, representaram muito na sua vida.
Quando tudo passar, pretende visitar seus colegas de Legislativo. Sabe que precisa seguir cumprindo a missão que Deus lhe deu: levar alegria às pessoas. Por enquanto, está no aconchego do lar, cercado do carinho e dos cuidados da família. O 22º vereador está se aposentando da carreira política. Sai como entrou: pela porta da frente. Um dia isso iria acontecer. Sua trajetória será lembrada para sempre como exemplo de homem público. E a gargalhada, sua marca registrada, ficará ecoando eternamente nas dependências do Legislativo.